sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

MeBlurred

Me With Scissors

See My Heart, I´ve Decorated Like a Grave

Can You Tell Future

Mirror Of Truth

Retrospectiva


Desde a antiguidade clássica que artistas fazem auto-retratos. Através da pintura escultura e mais tarde a fotografia, a necessidade de auto-retratar a forma como se vêem a si próprios esteve sempre presente no humano. Nesses retratos - em que os artistas se vêem e se deixam ver pelo espectador -, de modo geral, o foco está sobre o rosto, quase sempre em primeiro plano. No que se refere à concepção do auto-retrato existem duas escolas académicas: uma que considera qualquer obra que inclui o artista e, outra, só aquelas obras expressamente concebidas como auto-retratos, o personagem em primeiro plano e o rosto como o centro da atenção. O intuito para a realização do auto-retrato pode ser desde a imortalização da sua imagem ou para uma melhor compreensão de si próprio, no sentido de revelar o artista enquanto pessoa em termos de crenças e opiniões durante o seu trabalho artístico.
Em geral, a visão do artista sobre si próprio é sombria, angustiada e até mesmo cruel, quando se evidenciam defeitos físicos ou mutilações. O exemplo mais célebre nessa direcção é o Auto-Retrato com Orelha Enfaixada, pintado por Vincent van Gogh (1853-1890), em 1888, após uma crise que o leva a cortar o lóbulo da orelha esquerda. No mundo da fotografia o auto-retrato tem sido uma modalidade amplamente estudada. No fundo a fotografia, para além do acto de premir o botão que dispara o obturador, é uma forma de vermos o mundo, um auto-retrato da forma como interagimos com o mundo. O que podemos concluir, é que a imagem do corpo é uma referência fundamental no discurso do homem sobre si próprio; e que, à medida que encontramos modificações históricas e culturais nesse discurso, essa imagem do corpo é reconfigurada e posta ao serviço das novas formas de relacionamento, como aquelas da identidade.